Her e os amores impossíveis

Her é um filme norte americano dirigido por Spike Jonze e co-protagonizado por Joaquin Phoenix e Scarlett Johansson (esta última de uma maneira bem peculiar). A história narra a vida de um escritor solitário, Theodore (Joaquin Phoenix), que compra um novo sistema operacional com inteligência artificial de nome Samantha (Scarlett Johansson). Aos poucos, os traços humanos dela fazem com que ele se apaixone pelo seu sistema operacional.
Theodore incorpora o clássico isolamento relacional. Seu casamento acabou faz pouco tempo e ele se encontra em um estado que, talvez, possa ser chamado de depressivo por alguns ou luto por outros. Isso fica mais esclarecido quando ele reencontra sua ex-mulher para assinar os papéis do divórcio, já que aí temos um outro ponto de vista sobre como ele se relaciona com o sexo oposto.

É claro que o objetivo do filme é retratar o relacionamento entre o homem atual e a tecnologia, não só pelo viés positivo. Algumas partes do filme não são nem um pouco sutis quando querem passar essa mensagem. Mas também evidencia a necessidade humana por sociabilidade e relacionamento, mesmo que não haja contato físico. Ser ouvido e sentir-se querido é uma necessidade básica num mundo social. Encontrar alguém que dedique parte do seu tempo para nós. Mas o que acontece quando perdemos a capacidade de nos relacionarmos com pessoas a nível físico? Vocês já pararam para pensar porque as pessoas que encontramos na internet são tão agradáveis, principalmente se moram em outro estado?
Nós não nos relacionamos com essas pessoas totalmente. Ligamos o computador ou smartphone, abrimos sua janela e começamos uma conversa que nos alivia do terrível dia que tivemos. Não queremos viver com essas pessoas mais do que já temos quando saímos de casa. Criamos então um paraíso particular com alguns poucos megabytes e a melhor foto que temos. É lógico que o problema não está em ter amigos virtuais. É divertidíssimo. Só que o virtual não pode ser a totalidade da vida. É preciso ser capaz de dialogar, sorrir, brigar, questionar cara a cara, no mundo concreto.

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Isso resulta em um reflexão interessante sobre a educação emocional que temos dado às crianças. Que expectativas alimentamos sobre um relacionamento ideal? As imperfeições são difíceis de se lidar. A realidade inegável dos defeitos humanos. Mas essa mistura é um tempero necessário.

Her é uma crítica sutil à uma sociedade moderna dependente da tecnologia. O apego à um sistema potente, mas igualmente frágil. Quantos de nós já não tivemos brigas intensas com nossos computadores devido à indisposição do mesmo em fazer o que queríamos?

Apesar de ser um filme que foca na relação com a tecnologia, ele tem uma carga humana, emocional, muito clara. É fácil sentir o peso das emoções de Theodore durante todo o filme. Vale muito a pena dar uma olhada. Acho que várias pessoas se identificarão ou verão um momento passado de suas vidas ou de alguém nesse filme. Para aqueles que já viram, deixem seus comentários. Independente de ter visto ou não, compartilhe. Isso diminui seu karma. Pelo menos foi o que me disseram.

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