O Martelo de Nietzsche

Continuando os textos sobre o curso de ética, nesta décima aula, nos encontramos no pensamento de Nietzsche.

Nietzsche, como aponta o professor Clóvis, é um filósofo que se destaca pela ausência da estrutura cartesiana. Sua escrita não segue uma linha de raciocínio lógico e didático. Ele apenas escreve conforme as coisas vão surgindo em sua mente. Apesar da consciência ter uma organização e estruturação que partilha sua natureza com a causalidade do pensamento cartesiano, o inconsciente é mais próximo da escrita de Nietzsche. Quantos de nós já não deitamos na cama e perdemos o sono por pensamentos que vinham do nada e nos levavam a outros pensamentos que pareciam não ter nada a ver com o pensamento inicial? Talvez um exemplo melhor seja a forma como o Youtube consegue nos fazer ir de um vídeo de física quântica à gatos em uma caixa de papelão.
A diferença entre esses dois padrões de pensamento pode ser traduzido em uma linha reta e uma teia de aranha. No primeiro caso, cartesiano, as ideias se interligam com o elemento anterior da linha em uma única direção. Já o segundo, se caracteriza por ter um elemento central que segue em diversas direções. Mesmo que faça um caminho por vez, a interconexão dos elementos se dá em vários pontos diferentes das linhas. É um pensamento de natureza circular que, assim como uma aranha, tece os elementos que falta da teia a partir de uma ideia central, circulando-a.

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A frase mais famosa de Nietzsche é, sem dúvida, “Deus está morto”. Ela marca o fim da onipotência do pensamento religioso. Tal devoção cega é, na minha opinião, melhor aproveitada em outras figuras. Afinal, hoje em dia as pessoas tem outros deuses. Marcas, youtubers, políticos, por exemplo. A adoração é um processo de natureza estritamente emocional e baseado no bem estar que o contato produz. Não se pensa ou raciocina claramente sobre a coisa adorada. Analisa-la, provavelmente, lhe retiraria a “magia”. E é aí que Deus morre, quando ele não tem mais poder. Toda ideia, personalidade ou produto que você é incapaz de criticar ou de se desfazer é um deus. E deuses tem o péssimo hábito narcisista de fazer com que as pessoas lhe sirvam indefinidamente.

Você já pensou sobre a influência e necessidade de certas coisas? Por que aquela blusa precisa ter determinado símbolo? É uma questão de qualidade? O quanto certas personalidades me amadurecem intelectual e emocionalmente? Em relação ao ano passado, o quanto as ideologias nas quais me apeguei melhoraram minha vida? Ainda vale a pena me curvar para os mesmos deuses? Ou seria melhor atirá-los no Esquecimento?

 

“É preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela”.

Friedrich Nietzsche

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