B.akka – Biblioteca de Arquétipos

A Psicologia Analítica possui várias aplicações. É comum associar a Psicologia com a prática clínica. Mas a Psicologia e a Psicologia Analítica possuem diversas articulações fora do consultório. E é pra lá que eu me dirijo hoje com esse texto. Para além da clínica e do consultório.

Biblioteca de Arquétipos é um projeto do Catarse com o objetivo de produzir uma ferramenta de marketing e desenvolvimento de marcas com o auxílio da teoria junguiana. Entre os autores que fundamentam o projeto estão Carl Gustav Jung, Robert Moore, Margaret Mark e Carol Pearson, Caroline Myss e Margaret Hartwell.

Carl Gustav Jung dispensa apresentações. Robert Moore é um analista junguiano responsável, junto a Douglas Gillette, pelo livro Rei, Guerreiro, Mago, Amante. Nesse livro, ele disserta sobre desdobramentos do masculino.
Margaret Mark tem como obra mais popular no Brasil o livro O Herói e o Fora da Lei, escrito em parceria com Carol Pearson. Carol tem um série de livros de mitologia, mas, infelizmente, não parecem ter sido traduzidos para o português. Margaret Hartwell é o principal nome relacionado ao marketing.

O que são Arquétipos?

Hoje em dia devemos partir da hipótese de que o ser humano, na medida em que não constitui uma exceção entre as criaturas, possui, como todo animal, uma psique pré-formada de acordo com sua espécie, a qual revela também traços nítidos de antecedentes familiares, conforme mostra a observação mais acurada. Não temos razão alguma para presumir que certas atividades humanas (funções) constituem exceções a esta regra. Não temos a menor possibilidade de saber como são as disposições ou aptidões que permitem os atos instintivos do animal. Da mesma forma, é impossível conhecer a natureza das disposições psíquicas inconscientes, mediante as quais o homem é capaz de reagir humanamente. Deve tratar-se de formas de função as quais denominamos ‘imagens’. ‘Imagens’ expressam não só a forma da atividade a ser exercida, mas também, simultaneamente, a situação típica na qual se desencadeiam a atividade. Tais imagens são ‘imagens primordiais’, uma vez que são peculiares à espécie, e se alguma vez foram ‘criadas’, a sua criação coincide no mínimo com o início da espécie.¹

Jung afirma que, a natureza humana, pela sua constituição e limitações, comuns a todos os humanos, lhes confere uma experiência comum diante da realidade. Os arquétipos, são a forma humana que compõe essa experiência em comum. Esse elementos básicos além da experiência pessoal, se perpetuam através dos complexos pessoais e culturais pelas imagens arquetípicas. Elas não são o arquétipo em si, mas representantes tangíveis dos arquétipos que encontramos nas mitologias e contos de fadas tratando de temáticas universais como a guerra, o amor, a traição, a conquista, submissão, união, separação…
Sendo essas imagens inatas à espécie, e representam o comum que nos torna humanos, elas também “garantem a cada indivíduo uma semelhança, até mesmo igualdade de experiência, bem como de sua representação imaginativa”². E essas representações imaginativas são as formas pelas quais organizamos os arquétipos como o herói, o trapaceiro, o amante, o governante, etc.

Mas o que é a Biblioteca de Arquétipos?

São 60 cartas dividas em em 4 grupos tema (Liberdade – Regularidade – Singularidade – Coletividade). Cada grupo possui 3 arquétipos base e 4 “sub-arquétipos”. Sendo assim, temos 12 arquétipos e 48 “sub-arquétipos”. Essas 60 cartas organizam toda essa informação arquetípica. Além disso, o projeto acompanha o Guia de Sobrevivência, que detalha essas informações aprofundando o conteúdo das cartas.

Um diferencial desse projeto é, definitivamente, a arte empregada nas cartas, como é possível ver abaixo. O casal de ilustradores e designers pernambucanos Junior Ramos e Natália Lima do Sapo Lendário ficaram responsáveis pela estética cyberpunk com estilo japonês do projeto.

O que é Ugly Lab?

The Ugly Lab é um laboratório de métodos baseados a partir da abordagem de Learning-by-doing com foco na criação e gerenciamento de marcas. O laboratório foi criado para ajudar pessoas que procuram trabalhar com processos enxutos e ágeis em projetos diversos através da colaboração, aprendizado divertido e inovação.

Particularmente, achei a iniciativa do projeto B.akka extremamente atraente e criativa. Não só por usar a Psicologia Analítica com a qual trabalho, mas pela sua organização e formato. A ideia é inovadora, mas poderia ter sido muito mal desenvolvida, só que não foi. Foi tratada com o devido cuidado e executada com maestria, exatamente como deve ser. Vocês podem apoiar o projeto clicando aqui. Lá vocês encontram informações mais detalhadas sobre o projeto, os tipos de apoio e as recompensas disponíveis, assim como seus criadores. Da minha parte, meus sinceros parabéns à Ugly Lab e todo o sucesso à B.akka.

¹ JUNG, Carl Gustav. Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo, §152.
² KAST, Verena. A Dinâmica dos Símbolos, p. 137, citando Jung.

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