“Quando eu era pequeno, o céu ficava mais perto. Muito mais perto. É por isso que eu gosto da chuva. Com ela vem o cheiro do céu”.

O Jardim das Palavras (Kotonoha no Niwa, 言の葉の庭, no original) é um filme produzido pelo estúdio Madman e roteirizado/dirigido por Makoto Shinkai que conta a história de amor de Takao Akizuki, um estudante de 15 anos do ensino médio e Yukari Yukino, uma misteriosa mulher de 27 anos. Os dois passam a se encontrar no Jardim Nacional Shinjuku Gyoen nas manhãs chuvosas. Akizuki evitando a escola e Yukino o trabalho. É preciso atentar para um fator importante sobre o amor do filme. Ele é um amor romântico, koi para os japoneses, e isso é importante para entender o final da história.
Takao Akizuki é um estudante que sonha em ser sapateiro. O filme começa na estação de chuvas e, quando chove, Akizuki mata aula para ir ao parque fazer o que mais gosta, desenhar sapatos. Lá, ele encontra Yukino, que falta ao trabalho para ir ao parque e parece ter um vício em cerveja e chocolate. Daí em diante, os dois se encontram no parque nas manhãs chuvosas. E até a segunda metade do filme, nenhum dos dois conhece a identidade um do outro.
“À noite, antes que eu fosse dormir… pela manhã, no momento em que acordei… eu percebi que estava rezando pela chuva”.

A chuva tem um papel importante no filme, tanto em imagem quanto em simbologia. Ela é o plano de fundo de toda a história que se complementa com a importância dos sapatos e dos pés. Duas coisas que são muito presentes na minha cena favorita, que acontece por volta dos 19 minutos do filme. Outro ponto central da simbologia do filme é a paixão de Akizuki por sapatos. Os pés possuem quadros e takes especiais e a metáfora sobre caminhar, sobre os pés é onipresente durante o filme.
Como a história é de um amor koi, as imagens são extremamente nítidas e limpas, assim como a trilha sonora do filme que é toda feita em piano pelo Kashiwa Daisuke. Isso cria uma atmosfera pura durante todo o decorrer da história. Então não esperem tensão sexual durante o filme. Isso não vai acontecer.
Lamento não poder falar muita coisa sobre a Yukino, mas ela faz parte do segredo da história. No final, entenderemos o motivo dela ser uma pessoa tão fechada, faltar ao trabalho para ir ao parque e de tomar sua decisão final.
Kotonoha no Niwa é um filme esteticamente bonito de se ver, possui apenas 45 minutos, o que faz dele uma história bem contada. O tempo dos diálogos e dos acontecimentos não são exagerados ou inúteis. Cenas importantes tem seu diálogo retirado para que sejam sentidas e não ouvidas. E o mais importante, Kotonoha no Niwa tem o final que precisa ter.

Como um vago trovão, no céu nublado, trazendo a chuva… Se for, me fará companhia?
Como um vago trovão, mesmo sem chuva… Depois de chegar até aqui, ficarei ao seu lado.
Um aviso! O filme só acaba depois dos créditos.